Discover millions of ebooks, audiobooks, and so much more with a free trial

Only $11.99/month after trial. Cancel anytime.

O Bar Daddy’s Hobby: Por Trás do Sorriso, #1
O Bar Daddy’s Hobby: Por Trás do Sorriso, #1
O Bar Daddy’s Hobby: Por Trás do Sorriso, #1
Ebook414 pages6 hours

O Bar Daddy’s Hobby: Por Trás do Sorriso, #1

Rating: 5 out of 5 stars

5/5

()

Read preview

About this ebook

O Bar Daddy’s Hobby: a história de Lek, uma acompanhante em Pattaya

Lek era a irmã mais velha de quatro filhos em uma típica família fazendeira de plantação de arroz. Ela não esperava fazer nada de diferente das colegas de classe, no cinturão de arroz do norte da Tailândia.

Normalmente, isso seria: trabalhar no campo por alguns anos, ter alguns filhos, dá-los à mãe para criar e voltar a trabalhar até que os filhos tivessem os próprios filhos, quando seria sua vez de deixar de trabalhar para cuidar dos netos.

Um dia, de repente, ocorreu uma catástrofe: seu pai morreu jovem e com enormes dívidas das quais a família não tinha nenhum conhecimento. Lek tinha 20 anos e era a única que poderia prevenir a execução hipotecária. Contudo, a única solução que tinha era ir trabalhar no bar da prima em Pattaya.

Lek começou como garçonete e caixa, mas, quando descobriu que estava grávida do marido inútil e ausente, as coisas tiveram de mudar. Ela teve o bebê, deu-o à mãe para criar e voltou a trabalhar. Entretanto, agora precisava de mais dinheiro para proporcionar uma vida melhor para a criança e compensá-la por passar toda sua juventude a 800 quilômetros de distância. Assim, ela entrou na indústria turística do sexo.

O livro narra algumas de suas “aventuras”, seus sonhos e pesadelos e o modus operandi. Ele tenta mostrar, do ponto de vista de Lek, o que realmente é ser uma acompanhante tailandesa, as expectativas e frustrações, os altos e baixos, as esperanças, mentiras e enganações parte de sua rotina.

Um dia ela conhece um homem de quem gosta e que gosta dela também. Nada de diferente até então, já aconteceu centenas de vezes antes, mas Lek sente que é diferente dessa vez. As quatro semanas juntos foram maravilhosas, mas ele vai embora, como todos vão, deixando mais promessas e expectativas.

Porém, esse retorna, mas a vida real com um namorado real não é tão fácil quanto sonhara. Os dois passam por bons e maus momentos, mas será que ficarão juntos? E por quanto tempo?

Depois de tudo pelo que passou, ela será capaz de ser uma namorada comum ou até mesmo uma esposa outra vez? Algum dia ela será realmente capaz de confiar o bastante em um homem de novo? Ou seria melhor desistir dos seus sonhos e continuar trabalhando no bar?

Lek começa a descobrir que conseguir o que deseja nem sempre é tão bom quanto se espera.

“Por Trás do Sorriso” faz referência ao fato de a Tailândia ser conhecida no mundo inteiro como “A Terra dos Sorrisos”.

LanguagePortuguês
Release dateNov 18, 2022
ISBN9781547566273
O Bar Daddy’s Hobby: Por Trás do Sorriso, #1

Read more from Owen Jones

Related to O Bar Daddy’s Hobby

Titles in the series (1)

View More

Related ebooks

Coming of Age Fiction For You

View More

Related articles

Related categories

Reviews for O Bar Daddy’s Hobby

Rating: 5 out of 5 stars
5/5

1 rating0 reviews

What did you think?

Tap to rate

Review must be at least 10 words

    Book preview

    O Bar Daddy’s Hobby - Owen Jones

    O Bar Daddy’s Hobby

    Owen Jones

    ––––––––

    Traduzido por Jorge Luis Sampaio de Faria 

    O Bar Daddy’s Hobby

    Escrito por Owen Jones

    Copyright © 2022 Owen Jones

    Todos os direitos reservados

    Distribuído por Babelcube, Inc.

    www.babelcube.com

    Traduzido por Jorge Luis Sampaio de Faria

    Design da capa © 2022 Owen Jones

    Babelcube Books e Babelcube são marcas comerciais da Babelcube Inc.

    O Bar Daddy’s Hobby

    A história de Lek, uma acompanhante em Pattaya

    Volume um da série:

    Por Trás do Sorriso

    por

    Owen Jones

    Traduzido por

    Jorge Luis Sampaio de Faria

    Críticas

    Desde as primeiras páginas eu fiquei hipinotizado com Lek e as outras garotas, seu estilo de vida árduo e pensamentos, tão diferentes do nosso estilo de vida e nossas ambições ocidentais. Não consegui parar de ler até terminar.

    RLJ, Barry, Sul do País de Gales

    Gostei muito deste livro e o recomendo. Gosto de histórias que se passam em outros países, então esta foi muito minha praia. Foi uma leitura fácil e fluente. Owen fez um ótimo trabalho ao criar uma personagem com a qual os leitores poderiam se conectar e se importar. Adorei aprender algumas nuâncias da cultura tailandesa e as descrições do autor me permitiram imaginar as cenas e sentir o gosto de como realmente seria estar ali. Gostei de aprender sobre o passado de Lek e as circunstâncias que a levaram a trabalhar como acompanhante em Pattaya. Geralmente vemos somente um lado da indústria do sexo em países como a Tailândia e o restante é deixado a mercê de nossas próprias inferências. A história terminou de forma um pouco abrupta, eu não esperava por isso, mas estou ansiosa pela continuação e para descobrir o que acontecerá!

    Vanna B., Filadélfia, EUA.

    "Comprei o livro ‘Por Trás do Sorriso’ e gostei tremendamente. Seu estilo é do tipo que gosto, não me distrai da história ou dos personagens. Você realmente passa a impressão de que a escrita do livro foi flúida, embora eu tenha certeza de que levou muito tempo trabalhando em cima dele.

    Esta é uma boa leitura e uma descrição precisa do mundo de uma acompanhante tailandesa. É muito difícil compreender a vida das acompanhantes, uma vez que nossas culturas são muito diferentes. Podemos ter nos conhecido no mesmo lugar, mas pegamos caminhos distintos para chegar ali. Existem pouquíssimas coisas em comum para se embasar. Este livro é um verdadeiro recorte da vida, das expectativas e das ambições das acompanhantes.

    Eu recomendaria este livro a qualquer um que tivesse uma namorada tailandesa, não como um alerta, mas como uma ajuda para compreender sua vida. Se ele prevenir uma discussão, então valeu o dinheiro gasto. Acho que este livro desconstruiria muitos preconceitos se mais pessoas o lessem, se pelo menos os preconceituosos se importassem o suficiente para comprá-lo... Caso você escreva uma continuação, conte comigo para lê-lo."

    WD, Reino Unido.

    Dedicatória

    A todas as garotas em Pattaya que me contaram suas histórias e me deram a ideia e a coragem de escrevê-las.

    Agradecimentos

    O nome da garota na capa é Chalita. Favor enviar qualquer dúvida a mim e eu enviarei a ela.

    Owen Jones

    A série completa:

    O Bar Daddy’s Hobby

    Um Futuro Emocionante

    Maya – Ilusão

    A Velha Senhora na Árvore

    Alpondras

    O sonho

    O início

    ––––––––

    Índice

    O Bar Daddy’s Hobby.................................1

    A história de Lek, uma acompanhante em Pattaya............1

    Volume um da série:...................................1

    por.................................................1

    Owen Jones..........................................1

    Traduzido por........................................1

    Críticas.............................................1

    Desde as primeiras páginas eu fiquei hipinotizado com Lek e as outras garotas, seu estilo de vida árduo e pensamentos, tão diferentes do nosso estilo de vida e nossas ambições ocidentais. Não consegui parar de ler até terminar.  1

    RLJ, Barry, Sul do País de Gales.........................1

    Gostei muito deste livro e o recomendo. Gosto de histórias que se passam em outros países, então esta foi muito minha praia. Foi uma leitura fácil e fluente. Owen fez um ótimo trabalho ao criar uma personagem com a qual os leitores poderiam se conectar e se importar. Adorei aprender algumas nuâncias da cultura tailandesa e as descrições do autor me permitiram imaginar as cenas e sentir o gosto de como realmente seria estar ali. Gostei de aprender sobre o passado de Lek e as circunstâncias que a levaram a trabalhar como acompanhante em Pattaya. Geralmente vemos somente um lado da indústria do sexo em países como a Tailândia e o restante é deixado a mercê de nossas próprias inferências. A história terminou de forma um pouco abrupta, eu não esperava por isso, mas estou ansiosa pela continuação e para descobrir o que acontecerá!  2

    Vanna B., Filadélfia, EUA...............................2

    "Comprei o livro ‘Por Trás do Sorriso’ e gostei tremendamente. Seu estilo é do tipo que gosto, não me distrai da história ou dos personagens. Você realmente passa a impressão de que a escrita do livro foi flúida, embora eu tenha certeza de que levou muito tempo trabalhando em cima dele.  2

    Esta é uma boa leitura e uma descrição precisa do mundo de uma acompanhante tailandesa. É muito difícil compreender a vida das acompanhantes, uma vez que nossas culturas são muito diferentes. Podemos ter nos conhecido no mesmo lugar, mas pegamos caminhos distintos para chegar ali. Existem pouquíssimas coisas em comum para se embasar. Este livro é um verdadeiro recorte da vida, das expectativas e das ambições das acompanhantes.  2

    Eu recomendaria este livro a qualquer um que tivesse uma namorada tailandesa, não como um alerta, mas como uma ajuda para compreender sua vida. Se ele prevenir uma discussão, então valeu o dinheiro gasto. Acho que este livro desconstruiria muitos preconceitos se mais pessoas o lessem, se pelo menos os preconceituosos se importassem o suficiente para comprá-lo... Caso você escreva uma continuação, conte comigo para lê-lo."  2

    WD, Reino Unido.....................................3

    Capítulo 1 – Por Um Triz

    – Nossa, que merda! No que você se meteu dessa vez? – pensou Lek enquanto acordava outra vez.

    Ainda não tinha dormido quase nada naquela noite. O namorado, Áli, ainda estava dormindo e o hálito dele lhe dizia que ele estava muito bêbado na noite anterior. Lek não tinha percebido na hora, já que ela própria estava bem fora de si. Sua bunda ainda latejava no local onde Áli tinha tentado agarrá-la e a tinha agredido pela frustação de não ter funcionado. Ela poderia pedir aos rapazes para espancá-lo, pensou com um pouco de satisfação, ou até mesmo denunciá-lo à polícia. Decidiu ir à polícia se ficasse com hematomas. Mas ele parecia ser tão agradável mais cedo naquela noite, apenas para comprovar que as aparências realmente enganam.

    Lek queria se levantar e ir embora, mas não tinha recebido ainda os mil bahts que haviam combinado. Mesmo assim, estava com medo de ele acordar e querer tentar novamente. Não era do feitio dela pegar o dinheiro do bolso alheio e sair escondida, mesmo que o dinheiro já lhe pertencesse por direito. Não havia nada para fazer senão ficar ali deitada, acordada, à espreita, deixando-o dormir, na esperança de que o sono melhorasse o estado de espírito de Áli quando realmente acordasse. Ela o olhou de relance mais uma vez e se preparou para uma longa espera. Eram 5:35 da manhã e não seria nada razoável esperar que ele acordasse muito antes das 9h.

    Na noite anterior, Lek estava trabalhando no Daddy’s Hobby, um bar de acompanhantes saindo da Avenida Beira-Mar, na cidade de Pattaya, quando um árabe de trinta e poucos anos, chamado Áli, se sentou. A noite estava bem tranquila até aquele momento, embora a maioria das garotas já tivessem saído do turno. Lek se aproximou para anotar o pedido dele e fazê-lo se sentir em casa, como já fizera com outros clientes mil vezes. Depois de terem se apresentado, Áli pediu uma garrafa de whisky 100 Pipers, uma água tônica e gelo. Em poucos minutos e com a hospitalidade costumeira árabe, ele lhe ofereceu uma bebida e ela aceitou agradecida. Afinal, pensou, nunca se sabe aonde as coisas podem chegar, estava ficando tarde e ela estava mais que entediada.

    Analisando os fatos, Lek achava que havia visto alguns sinais de perigo logo naquele início. Por que não ouviu seus instintos? Sempre lhe foram tão úteis. Áli já havia bebido antes de chegar ao bar, ela pôde perceber, mas logo ele pediu uma garrafa de whisky. Era comum ver árabes tomando bebidas alcoólicas, mas ele estava bebendo essa garrafa rápido demais e insistindo que ela acompanhasse o ritmo. Talvez insistir era uma palavra muito forte, mas ele definitivamente queria que ela tomasse drink a drink com ele, e não aceitava não como resposta.

    Após terminarem a garrafa, Áli perguntou se ela gostaria de sair e comer, um dos vários códigos da profissão que poderiam resultar em um trabalho noturno lucrativo.

    Às vezes, até mesmo em uma refeição.

    Ela aceitou, mas em vez de irem a um restaurante ou ao hotel dele, Áli a levou a uma boate barulhenta onde parecia que ele conhecia um grupo de árabes. Ela não sabia dizer de onde ele realmente era, o inglês dele era precário e ela não sabia nada de árabe. Imaginava que ele fosse de Abu Dhabi.

    Lek não conhecia o estabelecimento, mas estava cheio demais e barulhento demais para o seu gosto. O banheiro também cheirava mal e Áli era estranho perto dos amigos, ficava ostentando, a ostentando, ostentando tudo em geral. Ele havia comprado outra garrafa de whisky e dançava de uma forma esquisita, puxando-a um pouco em excesso, apalpando-a, até mesmo a maltratando, exibindo-a para os amigos.

    Ela podia ter previsto tudo que estava por vir, pensou. Dez anos em Pattaya lhe ensinaram muito, mas ainda podia ser idiota demais para escutar a própria voz, pelo menos às vezes. Se não fosse uma pessoa de natureza tão boa desde que nasceu, Pattaya poderia ter-lhe causado coisas terríveis.

    Deveria escutar agora? Levantar, vestir-se e sair escondida, abdicando dos mil bahts? Não! Foda-se!

    Ela sorriu por dentro: foder era o que ele havia tentado fazer na noite anterior. Caramba! Mas ele não foi capaz de funcionar... para satisfazê-lo! Ela não tinha nenhuma compaixão. Ele não havia dito que queria sodomia. Se tivesse, ela não o teria acompanhado. Bem... não por mil bahts ao menos, brincou consigo. Saíram da boate depois de uma hora ali mais um menos, por volta de uma da manhã, e foram para o hotel dele junto com os amigos. Por sorte, os amigos não quiseram entrar junto, mas riram e fizeram piadas estranhas, embora ela não pudesse entender o que falaram.

    Bateram nas costas de Áli e piscaram para ela de forma sugestiva. Imaturos, pensou no momento, mas ainda esquisito para rapazes daquela idade. Talvez levassem uma vida de superproteção. Talvez esse fosse o primeiro gostinho de liberdade longe de suas casas e da sentinela dos pais. Ela já havia visto o mesmo tipo de comportamento em alguns tailandeses do interior na primeira viagem à Cidade do Pecado, também conhecida como Cidade da Diversão, Paraíso, ou simplesmente Pattaya, dependendo do moralismo de cada um. Enfim, os dois finalmente chegaram ao quarto e tudo parecia um pouco mais normal. Áli estava muito bêbado, mas ela também. Ele lhe propôs um banho e ela aceitou a oferta.

    Ele lhe passou uma toalha limpa e esperou do lado de fora até que terminasse. Ele também tomou um banho e, enquanto isso, ela se ajeitou na cama. Tudo de volta ao normal, pensou Lek. Com isso sim ela podia lidar agora, estava de volta a território conhecido. Nesse momento, Áli apagou a luz, foi até a cama e tropeçou em um sapato ou algo parecido. Resmungou algo em árabe, ela riu, e rapidamente ele pulou na cama e ficou esquisito outra vez. É difícil de explicar. Ele arrancou os lençóis de cima dela, mas sem machucá-la. Ela ficou assustada com certeza, mas não muito, pelo menos não no início. Em seguida, ele a jogou de bruços, passou o braço ao redor da cintura de Lek e levantou a bunda dela em sua direção.

    Tudo bem, ela pensou: vai ser de quatro... ela gostava desse jeito! Contudo, ele estava tentando colocar onde ela não gostava e estava ficando nervoso por ela não cooperar. Ele começou a resmungar em árabe outra vez e a bater forte na bunda dela, como nos filmes de um cowboy em cima do cavalo. Muito forte, forte até demais. Merda! Talvez ela reclamaria dele aos rapazes. Escroto!

    Após aproximadamente dez minutos, ele desmaiou na cama, próximo a ela, sem cumprir a missão. Áli tinha dito algo indecifrável e dormiu, aparentemente rápido demais. Lek já tinha visto tudo isso antes: o cara toma alguns drinks, fica com tesão, bebe demais, não consegue funcionar e culpa a mulher pelo seu constrangimento. Que escroto! Não precisava ficar violento, pensou.

    Muitos homens eram como meninos na cama, com seus egos, birras e orgulho tão frágeis. Um dia ela encontraria um homem bom que gostaria de cuidar dela e de amá-la e... não seria casado, sorriu.

    Lek ficou deitada ali sem saber se ficaria com hematoma ou se tinha até mesmo sangrado! Ah, tomara que não! Mas ela o faria pagar por isso! Entretanto, como não era do tipo vingativa, logo se entediou planejando uma vingança sem sentido que sabia que, muito provavelmente, não colocaria em prática.

    O dia estava passando, ou melhor, a noite, e em pouco tempo ela adormeceu de novo pela enésima vez.

    Áli pôde sentir alguém ao seu lado quando acordou, mas não conseguiu se lembrar de quem era, nem de que sexo. Ele acordou voltado para aquela pessoa, mas não tinha aberto os olhos ainda. Decidiu virar-se, ficar de costas, enquanto espiava disfarçadamente. Por favor, seja uma mulher, pensou. Ele realmente não queria que seus colegas da plataforma petrolífera o pegassem com um garoto. Ele os tinha encontrado no caminho de casa ontem à noite, não tinha?

    Ah, por favor, seja uma mulher, repetia para si enquanto rolava na cama. Ah, graças a Deus! Ela também é bem bonita! Na verdade, muito bonita... e na flor da idade, perto dos trinta, avaliou. Ah, ele poderia se orgulhar na frente dos amigos mais tarde e se gabar de suas habilidades. Não lembrava ao certo o que havia acontecido, mas, por ora, não se importava. Sua boca estava tão seca quanto a areia do deserto. Tinha de tomar água e uma aspirina logo. Levantar certamente a acordaria, mas qual era o nome dela mesmo? Merda! Mas ele podia escapar dessa, pelo menos não era um homem ou um garoto!

    – Lak, Lek, Lik – ponderou. Parecia familiar. Decidiu pelo do meio, para que não parecesse a síndrome do filho do meio. Inch Allah! Foi adiante e saltou da cama, pegando uma toalha a caminho do banheiro. Seguro ali dentro, virou um copo d’água, tomou uma aspirina e ficou sentado no vaso para se recuperar. Tinha se movido rápido demais e a cabeça estava girando. Deve ter sido uma excelente noite!

    Por essas e outras que o Profeta Mohammed não incentivava o uso de álcool, cuja própria palavra era árabe, quiçá uma invenção árabe. Ele seria um bom mulçumano dali em diante, disse para si, e nunca mais beberia. Seus pais e as escrituras estavam certos. Ele ligou o chuveiro e permaneceu sentado, observando a água correr por alguns minutos enquanto tentava juntar as peças da noite anterior.

    Áli gostava de um dos dançarinos transexuais em um pub chamado Febre Noturna, na Boyz Town, um bairro para o público LGBT+. Sempre que conseguia escapar dos amigos ia ali. Ele esteve lá na noite anterior, mas será que conversou com o garoto? Não, sabia que era tímido demais para sair do armário a essa altura da vida. Então, andou sem rumo por um tempo e entrou em um bar tranquilo, vazio, no caminho para encontrar os amigos novamente.

    Deve ter sido ali que conheceu Lak, Lek, Lik, refletiu. Ah, sim. Tomou uma garrafa de whisky, além do que já havia bebido. Estava quase se lembrando quando entrou no chuveiro. A água fria começou a esclarecer e a tirar um pouco da dor.

    Foi encontrar os amigos, embora algumas horas atrasado, e comprou outra garrafa de whisky para se desculpar. Todos se divertiram na noite e seguiram seu próprio rumo. Pronto, nada de ruim aconteceu! Ele sairia agora, sorriria para Lak, Lek, Lik, lhe daria o que ela pedisse, dentro do razoável, e todos ficariam felizes. Ele mal tinha terminado de se secar quando abriu a porta.

    Lek estava sentada na cama enrolada com o lençol até o pescoço, olhando direto nos olhos dele. Ela parecia um cachorro assustado, encurralado. Isso o preocupou, mas não sabia o porquê.

    – Bom dia, Luaek – murmurou ele, da forma mais audaciosa que pôde. – Dormiu bem?

    – Meu nome é Lek – esbravejou –, e não, eu não durmi bom. Você quer meter atrás e eu gosto não. Você me bateu demais! Eu não fiquei feliz. Talvez eu vou na polícia falar de você. Polícia leva você para Lar de Primatas e homens transam com você na bunda. Você não vai gostar, igual, igual eu.

    Áli achava que estava indo bem, mas disse:

    Venez, venez. Vai tomar banho, Lek, e a gente conversa depois que terminar.

    Lek se enrolou na toalha, que a experiência lhe ensinara a manter embaixo do travesseiro, e mancou até o banheiro sem olhar novamente para Áli. Bateu a porta o mais forte e alto que pôde e começou a chorar alto e descontroladamente.

    Pelo menos achou que estivesse alto do lado de fora. Em seguida, ligou o chuveiro e gritou ainda mais alto de dor, apenas para ter certeza. Analisou-se no espelho e ficou satisfeita ao notar que não havia nenhum sinal de sangue ou hematoma. Enquanto a água fria começou a tirar o ardor da bunda, seu plano começava a se formar.

    Após o banho, enrolou-se na toalha e mancou para o quarto, onde Áli estava sentado, já vestido. Um bom sinal, pensou, escapou de um replay da noite anterior. Foi cautelosa ao se sentar, certificando-se de que ele estivesse bem ciente de como ela estava desconfortável, e soltou um gemido de dor.

    – Ai, ai, ai! Sinto dor! – queixou-se, esfregando a nádega direita. – Ai, Áli, por que me bateu tanto ontem à noite? Eu fui boa moça para você, mas você me bateu muito. Eu acho que você ia me matar. Louco. Penso em ver Mama San, a gerente, e perguntar o que fazer. Talvez ir na polícia, você não é bom homem, Áli.

    Lek se vestia sem mostrar um centímetro de pele, como só as mulheres que cresceram em uma casa pequena, com uma família grande, sabem fazer e Áli não ousou pedir para olhar as marcas. Na verdade, Áli era um homem gentil e decente e flashes confusos da noite anterior já estavam se formando em sua consciência, deixando-o bem envergonhado. Não conseguia se lembrar de já ter batido em uma mulher na vida. Sabia que devia acalmá-la e que isso significava dinheiro, embora não necessariamente muito. Falou:

    – Lek, eu sinto muito, muito mesmo. Eu não sei o que acontece. Eu, muito bêbado. J’etais mal. Acho, alguém colocou algo na minha bebida, drogas ou algo assim. Eu quero te fazer feliz: te comprar boa comida em bom restaurante e te pagar como um obrigado também. Je suis desolé. Eu sinto muito, por favor, perdoa. Eu tenho bom coração, de verdade. Bati jamais em mademoiselle antes.

    Lek olhou para ele da cama com grandes olhos castanhos, um olhar inocente, enquanto penteava o cabelo e secava uma lágrima.

    – Está bem ­– disse com um sorriso falso –, mas quero que você me dá 2.500 bahts pra ir em médico, para pomada, comer em Restaurante Savoy e não quero ver você de novo. Você é louco às vezes. Eu não acredito em você mais! Não vai no bar me procurar. Tenho namorado para cuidar de mim lá.

    Na verdade, aquilo era a última coisa que Áli pensava em fazer. Então, consentiu com a cabeça e se mostrou o mais arrependido possível. Por dentro estava aliviado, sentia que tinha se safado com facilidade. Isso lhe custaria apenas um quarto de sua diária na plataforma e ainda escapou de um incidente com a polícia.

    Sabia que o assédio a uma tailandesa era realmente levado muito a sério, o que significaria pelo menos algumas noites na notória cadeia de Pattaya ou Lar de Primatas, como era mais conhecida e de uma forma menos afetuosa, além de uma multa de provavelmente 20 mil bahts, dos quais é possível que a metade fosse para Lek como indenização.

    Ele poderia até ser deportado e impedido de entrar novamente na Tailândia e seus amigos saberiam o motivo de ele não querer ir para Pattaya nas próximas férias. Ah, não, não, não, não, não. Melhor pagar agora e tentar aprender com essa experiência, se conseguisse pelo menos lembrar o que exatamente tinha sido essa experiência.

    Lek terminou de se vestir e passou um pouco de maquiagem, ela nunca usava muita e, de fato, não precisava. Áli achou que ela parecia um pouco mais feliz, o que o animou também. Em menos de dez minutos, estavam saindo do hotel no sol quente da manhã. Lek já não fingia mais mancar quando viraram à esquerda do hotel e começaram a caminhar os 300 metros ao norte, na 2ª Avenida, em direção ao cruzamento com a Avenida Central de Pattaya, ou Pattaya Klang, como é conhecida na Tailândia, cuja esquina é onde o Savoy se encontra.

    Eram quase 11h e Lek amava essa hora do dia, porque Pattaya não funcionava de fato até quase 10h, quando tudo e todos estavam cheios de vida, de promessas e na expectativa de um novo dia. Claro que em Pattaya tudo gira em torno da noite, portanto, o dia começa um pouco mais tarde. Ela passeava animada e com um sorriso no rosto, uns dois metros atrás de Áli.

    Fazia isso por vários motivos: primeiro, sabia que a maioria dos árabes preferiam caminhar na frente das esposas; segundo, ela não queria ser vista com ele (muitos homens a estavam desejando, como sempre, e atrás de Áli ela podia sorrir de volta sem ferir o orgulho dele); e terceiro, por causa de uma piada que havia escutado há algumas semanas e da qual sempre ria.

    Ela repetiu na mente: uma pesquisa no Afeganistão revelou que a maioria das mulheres caminhava três metros atrás dos maridos antes da intervenção dos EUA. Depois, a distância aumentou para dez metros. Quando questionadas sobre o motivo, a maioria das afegãs responderam, sorrindo: ‘minas terrestres’. Ela cobriu os ouvidos e disse mentalmente bum, saltitando e sorrindo para um farang (ou estrangeiro) que passava.

    Lek era uma das mulheres mais bonitas de Pattaya, o que significava que era uma das mais bonitas na Tailândia, uma das mais bonitas no mundo, e ela sabia disso.

    Todos os homens a elogiavam e ela podia escolher qualquer um que ele ficaria feliz em pagar pelo privilégio. Isso lhe dava uma sensação de poder e amor próprio, mesmo quando percebia que teria somente mais uns cinco anos daquela vida boa, no máximo. Sua vida tem sido extraordinária se comparada aos padrões da maioria das tailandesas. Conheceu centenas de homens de quase todos os países do mundo e a maioria foi gentil e generoso, mas, infelizmente, casados. Nenhum jamais a levara para casa, no país deles. Porém, há quase uma década, se hospeda nos melhores hotéis e come nos melhores restaurantes. Grande parte de seus relacionamentos não duravam somente uma noite, como muitos imaginavam.

    Ela não queria esses. Sua estratégia, aprimorada com os anos, era tentar se informar primeiro sobre o cliente. Sempre queria saber: quanto tempo ele ainda tinha na Tailândia; de onde ele vinha; a idade e se era casado. Quanto mais tempo ainda tivesse na Tailândia, melhor o relacionamento que teriam e maior a chance de ele se apaixonar por ela.

    O país de origem era importante, pois ela tinha preferências quanto ao país onde queria morar. A Grã-Bretanha tinha preferência, mas os EUA, Canadá, França ou Alemanha também serviam. A idade também era relevante, pois poderia afetar o status do visto dele na Tailândia, e saber se era casado ou não era obviamente essencial.

    O tempo médio dos relacionamentos, com base nas respostas dessas quatro perguntas, era de duas ou três semanas. Era muito, muito raro alguém deixá-la antes do voo de volta. Às vezes, Lek ficava com o mesmo homem por um mês ou mais. Alguns até a levavam a outras cidades tailandesas como acompanhante ou intérprete. Várias vezes ela voou para Chiang Mai, Phitsanulok, Ko Samui e Phuket às custas dos outros.

    Alguns voltavam e perguntavam por ela às vezes, por terem se conhecido nas férias anteriores. Outros escreviam esporadicamente ou mandavam e-mails. Não que o inglês escrito de Lek fosse muito compreensível, mas algumas das mulheres mais velhas se especializaram em ler essas cartas para as garotas e escreviam respostas românticas à altura.

    Lek não se envolvia nisso com frequência. Parecia um pouco demasiado, como bajular e implorar, e um pouco inconveniente e desonesto. Claro que houve alguns momentos assustadores, mas muito poucos para mencionar. Parecia que quase ninguém voaria até Pattaya só para causar problema e correr o risco de passar dez anos ou mais no Grand Resort de Bangkok, onde a vida podia se comparar a cenas do filme O Expresso da Meia-Noite. Ela nunca foi cortada ou estuprada como já tinha acontecido com algumas garotas. Algumas haviam até sido encontradas mortas e existiam boatos de que outras desapareceram como escravas sexuais no exterior.

    Lek esperava que tudo fosse apenas boato, mas nunca se encontrou do lado obscuro da indústria do sexo. Não queria nem pensar em prostituição infantil ou pedofilia, mas mantinha sempre os olhos bem abertos para esse tipo de abuso. Não hesitaria em denunciá-lo para a polícia.

    Até conseguiu economizar uma pequena quantia para o plano de contingência, quando a inevitável aposentadoria chegasse e ela precisasse voltar a morar no vilarejo de onde veio, a menos que conhecesse um estrangeiro rico e solteiro que gostaria de levá-la junto com a filha para o próprio país. Esse era o objetivo, esse era o grande sonho que vem buscando há dez anos. O plano de contingência era abrir uma pequena loja no vilarejo e casar com um fazendeiro atencioso. É claro que provavelmente teria de se casar com um homem mais velho nesse cenário, mas ela teve uma vida boa até o momento e se o marido fosse atencioso com a filha, ela poderia cuidar dele.

    Se tivesse ficado no vilarejo, teria se casado com um fazendeiro da sua idade há uns 12 anos e tido três ou quatro filhos. Não que isso fosse ruim, mas ela teve de ir embora e agora se sente feliz por não estar presa às rotinas de uma casa e de uma fazenda, observando os acontecimentos do mundo na tela da televisão.

    Lek tinha amigas que escolheram a vida de casada logo após a escola e sentia que a maioria a invejava pelo seu estilo de vida sexualmente ativo, seus cabides com roupas maravilhosas e suas histórias, comprovadas por fotos, de locais fabulosos com estrangeiros ricos e generosos que não se importavam de gastar tanto em uma única refeição, em uma garrafa de vinho ou em um presente, gastar o valor que grande parte dos fazendeiros recebiam em um mês.

    Seus amigos do vilarejo e a família respeitavam o que fazia, apesar da forma como escolhera para concretizar. Não eram condicionados à moralidade ocidental e à dupla moral. A maioria das pessoas que a condenavam ou sentiam pena dela, como diziam com mais frequência, não eram exatamente as mulheres bregas dos mesmos homens que vinham à Tailândia para conhecer garotas como ela? Ela não tinha tempo para isso ou para como pensavam.

    Será que essas mulheres financiariam seu estilo de vida e sustentariam sua mãe e filha se ela não tivesse feito o que fez? Se o que estava fazendo fosse tão errado, ela mesma pagaria por isso um dia com o carma. Não tinha problema com isso, desde que sua mãe idosa e a filha quase adolescente estivessem bem. Quem faz o bem recebe sempre o bem; quem faz o mal recebe o mal, esse era seu lema.

    E o lema dos monges. E o que era bom o suficiente para os monges também era bom o suficiente para ela.

    Nesse devaneio, Lek tinha até se esquecido de Áli e agora se encontrava ao lado dele, cujo braço estava ao redor de sua cintura para guiá-la para dentro do restaurante.

    Bem..., pensou, é um almoço gratuito. E Lek, como a maioria dos tailandeses, era muito relutante quanto a recusar uma refeição.

    Eles se sentaram na seção com ar condicionado, à esquerda, e Lek pediu rolinhos-primavera e bolinhos de peixe como entradas, seguido de arroz jasmim e um enorme peixe pargo vermelho, que seria cozido em um prato do formato de peixe, na própria mesa. Lek demonstrou sua expertise gastronômica e os modos na mesa ao pedir uma combinação perfeita de molhos para a entrada, ajudando Áli com os petiscos e observando o cozimento do peixe enquanto comia.

    Os dois fizeram uma boa refeição, mas quase não se falaram devido ao baixo domínio que Áli tinha da língua, à tensão entre eles e à ressaca. Quando seguiram caminhos distintos 45 minutos mais tarde, ambos estavam satisfeitos pelo relacionamento ter terminado de uma forma mais harmoniosa.

    Lek observou Áli virar à direita, provavelmente para voltar ao hotel na Rua Soi 9, fez um pequeno sinal com a mão e avançou pela Segunda Avenida, cortando por dezenas de mototáxis e Baht Bus que estavam parados no semáforo. Ela virou à esquerda na Pattaya Klang e caminhou os 200 metros para o leste observando as vitrines das lojas até a próxima direita, na Soi Buakhao. Certificou-se de ter tomado precauções suficientes para se livrar de Áli caso ele tivesse decidido segui-la. Ela não gostava de que os homens soubessem onde morava.

    Estava tão feliz quanto um pássaro cantante e exalava essa felicidade. Achava que todos podiam notar como estava feliz. Ela havia passado por uma situação delicada, potencialmente perigosa, por não ter dado ouvido ao seu instinto, mas jogou essa rodada como uma profissional e saiu dessa com uma quantia de dinheiro que muitos tailandeses ganhavam em um mês, além de ter comido bem.

    Lek estava esperando pelo Baht Bus no cruzamento entre Soi Buakhao e Pattaya Klang para ir para casa quando mudou de ideia e decidiu virar na esquina para ir ao Mercado Tai, do outro lado do Restaurante Naam Chai, para comprar uma nova saia para comemorar. Era uma tarde muito quente de junho, mas o mercado estava lotado, como quase sempre fica. Lek perambulou pelas barracas de frutas na frente, comprou algumas aqui e ali e conversou com os vendedores e alguns clientes a caminho das barracas de roupa, que ficam no fundo.

    Gastou 45 minutos com o seu passatempo favorito, compras de roupa, até finalmente decidir por uma linda saia branca, com uma estrela bordada em lantejoula na altura da coxa, na parte da frente. Com 35,5 cm de comprimento, a saia mostraria suas lindas pernas; por ser branca, realçaria seu bronzeado; e a estrela daria aos homens um motivo para olhar para lá, se já não tivessem pensado em um ainda.

    Lek era leonina, nascida em agosto, e embora não tivesse muito conhecimento sobre astrologia ocidental, acreditava ser uma típica leonina. Já havia lido que os leoninos são agressivos e dominantes, mas, na sua opinião, isso se aplicava somente às mulheres. Afinal, era a leoa que caçava e matava a presa. Os leões dormiam muito e exigiam comer primeiro.

    Só entravam em cena quando um predador ou rival se aproximava e, mesmo assim, era só para defender de forma egoísta a prole e as esposas... não necessariamente as defendiam para o bem delas. Que piada!

    Para completar o look, também comprou uma pequena blusa branca que amarrava acima do umbigo. Em seguida, subiu em um Baht Táxi, um ônibus similar a uma garupa de caminhonete, no sentido sul, para casa.

    Capítulo 2 – As Amigas de Quarto

    Lek desceu rapidamente do Baht Táxi e deu a

    Enjoying the preview?
    Page 1 of 1